domingo, 1 de fevereiro de 2015

Aquilo que você queria saber...

Sentei sem vontade de escrever hoje. Faz tempo, aliás, que não tenho vontade de aparecer por aqui, e isso é bom, porque você sabe bem que aqui sempre foi minha fuga, meu desabafo e o relato do meu desespero. Mas a vida tá "vivendo" tanto, que não dá mais tempo de deduzir, pensar, criar teorias e tudo aquilo que eu fazia aqui nas horas vagas, as quais não tenho mais, faz tempo.
Mas sabia que você vinha hoje e encontrei a oportunidade de dizer o que você queria saber. Não que eu fizesse questão de te dizer, não que eu precisasse te dizer, mas na hora lembrei que você vinha até aqui pra saber o que eu pensei quando te vi pela primeira vez depois de EXATAMENTE um ano. Sim, 27 de janeiro de 2014 foi a última vez que nos vimos, e quando me vi hoje, estava, por coincidência, com a mesma blusa que estava na última vez que você olhou pra mim.
Quando te vi você já estava muito perto para que eu pudesse desviar. E sabe de uma coisa: o fato de eu querer desviar não era para "não tremer", mas sim porque você me faz mal. Na verdade eu não queria que você me visse. Eu não queria teu olhar sobre mim. Eu não queria teu pensamento sobre mim.
Não sei o que exatamente você queria ouvir, mas a verdade é essa: eu...não senti. Nada. E eu confesso, sabe, confesso que esperei por esse encontro. Ontem mesmo sonhei com você e não esperava que fosse tão rápido.
Próximo ao ano novo me arrepiei quando ouvi dizer que era ano de Iemanjá, que vinha também com a força de Ogum. Você sabe, aquela história...? Vou te contar: 'Tem uma lenda que conta que Iemanjá era mulher de Ogum, que por sua vez era amante de Iansã. E que por isso os ventos e os mares, quando se encontram causam estrago na natureza. E que também é por isso que não se pode entrar no mar em dia de tempestade. Iemanjá sempre representou a forma mais pura do amor, a clareza e a beleza. Iansã levantou a espada e comprou a briga por Ogum, tirou ele a força de Iemanjá, que chorava...chorou.'
Aí o ano vinha chegando e eu temia pelo reencontro de Iemanjá e Ogum. Agora que o vento da tua Iansã tinha te levado, meu mar ficou mais calmo, mais sereno e mais limpo também. Senti tão forte que esse reencontro ia acontecer, mas não esperava que fosse no dia...no dia da minha mãe. Aliás, impossível que você não tenha imaginado que eu estaria lá.
Não queria teu olhar, tua energia. Não queria que você me olhasse, me enxergasse, nem pensasse em ousar pisar no meu mar outra vez. Nesse encontro descobri que minhas ondas te jogam pra fora com força e não te engolem, nem envolvem, nem te levam pro fundo como foi naquele tempo. Te empurro pra fora da minha areia, porque teus pés são podres, e até teu Ogum se envergonha do filho covarde que trouxe. Tua covardia me permitiu que ficasse alí por perto, aliás. Eu sabia que você não ia se aproximar.
Tenho pena da tua Iansã. Tua sina de desgraça é tanta que tu fará infeliz tantos que tiverem a tua volta. O fim é triste, e eu...enfim, tinha um amigo nosso - na verdade um amigo seu - que dava nome próprio à "Mangueira", que vinha sempre atrás de um garrafa de vinho doce (daquelas que eu gostava), ele me descrevia assim: "A branca...a branca é foda....". Você conhece hoje meu pior lado...o do desprezo. Nem luto, nem flores. Foi tudo muito pouco perto do que eu sempre quis. A vida é muito mais. A minha é!
Por fim, eu acho lindo que você tenha roubado meu ar em tantas noites. Ou quando você me trazia suas rosas,  e todas as suas tentativas de me fazer sua. O problema, meu bem, foi quando você começou a roubar meu tempo... E é só isso que eu tenho pra te dizer.

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