sexta-feira, 30 de maio de 2008


Testamento

Aos meus pais, deixo o eterno agradecimento, por abrirem mão de seus próprios sonhos, para realizar os meus, deixo a dor e o vazio, mas tenho certeza que lembrarão de cada palavra minha e isso os fará seguir em frente. Seja lá como for e pra onde.
Aos meus colegas, uma lembrança, de como foi bom ter conhecido cada um deles, e acreditem, sem vocês, não teria levado comigo metade do conhecimento que tive.
Aos meus amigos, amigos mesmo, aqueles que dividiram comigo momentos de choro, de raiva, de risos, loucuras e que jamais me trocaram e me deixaram na mão, deixo a eles a minha mais sincera admiração. Acreditem, eu jamais consegui ser tão forte como vocês. Me perdoem por, agora, não poder retribuir toda a atenção e o respeito que tiveram por mim.
Lamento, por deixar planos a serem executados, pessoas que não saberei bem ainda se conseguirei seguir sem elas, pessoas que não sabem bem ainda se conseguirão seguir sem mim, uma vida de estudos a seguir, um processo a encerrar, uma carreira jurídica incompleta e um livro a ser terminado.
Agradeço, por cada momento de alegria, por cada vitória na minha vida que em mesmo pouco tempo, foram muitas, por cada livro que pude ler, livros que me levaram a escrever livros, pelas oportunidades, pelo conhecimento e mais do que tudo, pela consciência, pela visão que eu pude ter do mundo e das pessoas em cada segundo de minha vida.
Peço, que não se esqueçam jamais de cada palavra minha, da minha filosofia e de cada momento que passaram comigo. Sejam eles bons ou ruins.
Lembrem-se, do que eu sempre dizia, não quero morrer de acidente de avião ou de overdose. Quero sentir a morte, o cheiro, o gosto, quero ver! A morte só vai acontecer uma vez. Não quero perde-la!
Ao mundo, deixo a imensa frustração de ser corrompida pelo pouco tempo e espaço que tive. Pouco demais para quem queria muda-lo, por inteiro!
Deixa pra próxima.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aos meus amigos...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre que o amor, eis que permite que o objetivo dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade, e eu poderia suportar, embora não sem dor, que morrecem todos os meu amores. Mas enlouqueceria se morrecem todos os meu amigos.
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles que não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me uma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre do meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!